quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Ditadura Militar Criativa

Uma pessoa contou para outra pessoa que contou para outra pessoa que contou pra mim a seguinte história:

Na época da ditadura, uma famosa revista do Brasil foi obrigada pelo governo a colocar dois censores dentro da sua redação.
O trabalho deles era filtrar toda e qualquer informação que fosse contra a doutrina militar.
E assim durou por alguns anos. Os jornalistas tentavam relatar uma notícia, mas os censores iam lá e cortavam algumas partes, alteravam alguns trechos e até proibiam certos conteúdos.

Em um dado momento, um dos donos da revista pediu para que o editor-chefe ficasse amigos dos censores, para tentar aliviar a censura, dar aquela “afrouxada amiga” e fazer vista grossa para algumas coisas.
Mas a censura continuava, as matérias iam sendo podadas, os jornalistas iam se revoltando cada vez mais, mas de nada adiantava.
E, como em qualquer revista, os jornalistas precisavam escrever suas matérias e os exemplares precisavam ir pra rua pra vender.

Um certo dia, os censores avisaram o editor-chefe que iam sair da revista. Esse editor perguntou para eles, quem viria para ficar no lugar e eles foram objetivos na resposta: ninguém.
Curioso, o editor-chefe indagou por que não haveria mais censores, já que os militares ainda estavam governando no país com mão de ferro.

Eis que um deles respondeu: no começo, a gente precisava censurar antes das matérias irem para as ruas. Os jornalistas ficavam bravos, reclamavam, davam "pití" mas tinham que obedecer. Com o tempo, eles foram criando o hábito de escrever suas matérias já pensando na censura. Pouco depois, a gente nem precisava filtrar, pois os textos já vinham do jeito que a gente queria. Agora, tudo que é escrito, já vem censurado pelo próprio jornalista.



E assim ainda acontece no dia a dia de muitas agências.